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prefácio
meira série do ensino fundamental, no início dos anos 1980, qua-
tro vezes mais crianças de sete anos do que esta coorte de idade no
Brasil. Graças a esta descoberta, as políticas educacionais puderam
ser redefinidas em meados dos anos 1990. Hoje, portanto, há mais
esperança do que naqueles anos 1980.
Sergio Costa Ribeiro demonstrou para os brasileiros que não
se devem temer patrulhas ideológicas quando se trata de ques-
tões que afetam o país de forma tão central. Mas, com a aceitação
das suas hipóteses, que também pareceram ousadas na época em
que foram formuladas, acabou provando que água mole em pedra
dura tanto bate até que fura. Ali Kamel vai pelo mesmo caminho.
Este livro reflete o percurso de Ali Kamel e também o de muitos
brasileiros que levaram a sério os que propõem a política de cotas
raciais e aqueles que formulam as políticas sociais do governo. O
que aqui se discute não diz respeito apenas à universidade pública
ou aos que recebem os benefícios sociais. O que está em pauta é
a nossa concepção de nação, o nosso destino como país e o nos-
so futuro. Os textos de Ali Kamel têm sido fonte riquíssima de
informação e de discussão para pesquisadores pelo país afora. Os
artigos revelam um cientista social acostumado a fazer perguntas
e a desarmar as armadilhas do óbvio, de discursos que têm preten-
dido se impor como discursos de verdade. Eu, particularmente, me
encanto com seu estilo direto e elegante de tratar essas questões e,
mais ainda, com o encontro com esse independente, iconoclasta e
ousado crítico da política brasileira.
Rio de Janeiro, 16 de abril de 2006
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